Uma nova diplomacia, com menos prestígio

Artigo publicado na revista Problemas Brasileiros em 22 de dezembro de 2020. Trata do livro do ministro das Relações Exteriores a respeito da Nova Política Externa Brasileira, e indica que o governo parece não entender que o país perde prestígio, e que este tipo de reconhecimento depende do que os outros países veem, e não do que o Brasil tenta projetar

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Posicionamento global do Brasil

Artigo publicado na revista Problemas Brasileiros em 07 de dezembro de 2020 trata do xadrez global de forças políticas, que vai passar por uma transformação em 2021. A posse de Joe Biden como novo presidente dos Estados Unidos, e a mobilização mundial em torno da vacinação contra a pandemia vão reorganizar muitas das relações internacionais a partir de janeiro. Isso vai impactar no posicionamento do Brasil, que precisa definir os seus interesses e as suas alianças, a fim de evitar um isolamento que leve a um encolhimento tanto do seu papel no mundo como em perdas para a sua economia.

Reorganização de forças

Comentário no quadro A Cara do Brasil, da rádio CBN, em 6 de dezembro de 2020 fala sobre a recomposição de alianças internacionais entre Brasil e outros países, como EUA, China e Rússia. Já pensando em 2021. O cenário internacional será muito diferente de quando Bolsonaro assumiu o governo. Avaliando como o Brasil vai se colocar na relação com o resto do mundo, visto que a construção toda era feita em torno de Donald Trump.

Por uma relação mais saudável com os EUA

A tensão gerada no Brasil pelas eleições nos Estados Unidos mostram que é preciso desenvolver uma relação diferente com o país e o resto do mundo. Uma posição de maior autonomia e independência permitiria ao Brasil não depender tanto do que decidem os cidadãos em outro país.

Este foi o tema da coluna publicada pela revista Problemas Brasileiros em 03 de novembro de 2020.

Liderança queimada

Artigo publicado na coluna quinzenal da revista Problemas Brasileiros em 06/10/2020 fala sobre a mudança no papel do Brasil na política ambiental internacional.

O país que um dia foi uma das principais lideranças internacionais em políticas ambientais e ações contra o aquecimento global se tornou um pária. Em menos de dez anos, o Brasil passou de negociador-chave em acordos multilaterais e sede da Rio+20, um dos eventos mais importantes para as negociações de proteção da natureza mundial, a símbolo de descuido ambiental.

As notícias das últimas semanas aceleraram um processo que vinha ganhando força desde a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Primeiro foram os incêndios recordes no Pantanal, que se juntaram às imagens do fogo que destrói a Amazônia de forma acelerada desde 2019. Em seguida vieram as decisões do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que tiraram a proteção de manguezais e restingas.

A Cara do Brasil – País sai de cima do muro, mas perde protagonismo

Comentário no quadro A Cara do Brasil, da rádio CBN, em 13 de setembro de 2020. Parte da análise apresentada no artigo acadêmico que fala sobre a percepção de que o Brasil fica “em cima do muro”, e mostra que com o atual governo isso parece ter mudado. O país se alinhou aos EUA, saiu de cima do muro, mas também abriu mão do seu protagonismo internacional.

Um país em cima do muro

A Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI) publicou em sua edição mais recente um artigo acadêmico em que apresento parte dos dados da minha pesquisa de doutorado pelo Brazil Institute do King’s College London, discuto a arcabouço teórico usado na minha tese e apresento parte da metodologia usada na análise de dados.

A ideia central do artigo é entender o caráter intersubjetivo do status em relações internacionais e mostrar que a percepção do prestígio do Brasil a partir da ótica britânica é de um país que está sempre em cima do muro, que não tem uma agenda de política externa clara e que se equivoca na interpretação do lugar que ocupa na hierarquia global e do seu papel no mundo.

Clique aqui para ver o artigo completo

Assista abaixo a um vídeo em que o artigo é apresentado

O trabalho parte da ideia de que o Brasil historicamente sempre buscou promover sua imagem internacional e conquistar um status de país importante nas relações exteriores, a exemplo da tentativa de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU –mas que isso não parece alinhado ao que países com mais força global esperam do Brasil. 

O problema é que o status do país e o papel que ele desempenha do mundo depende do que as outras nações pensam sobre o país de que se trata. Então se torna fundamental entender essa percepção externa para saber mais sobre esse status.

A revista Mundorama publicou uma entrevista sobre as contribuições acadêmicas do estudo

Este artigo busca trazer duas contribuições importantes para a pesquisa acadêmica de relações internacionais e sobre o Brasil.

Por um lado, faz uma avaliação do status do Brasil a partir do ponto de vista de observadores estrangeiros, do Reino Unido. Isso traz à luz um entendimento sobre o que se pensa de fora a respeito do que o país está tentando fazer em sua política internacional.

Uma segunda contribuição acadêmica tem um enfoque mais teórico e metodológico. O artigo foi construído sobre a análise temática reflexiva de seis entrevistas com diplomatas britânicos que serviram no Brasil, e assim tem um enfoque na análise qualitativa do caráter intersubjetivo de status.

Isso é importante porque os principais estudos sobre status desde Max Weber apontam para o fato de que status sempre depende do que um ator faz e de como um ou mais atores externos interpretam o primeiro. Portanto o status de uma nação depende dessa percepção externa de todos os atores externos.

Só que até o momento os principais estudos sobre status em relações internacionais ou avaliam apenas as estratégias usadas por países para tentar melhorar seu prestígio, ou usam abordagens quantitativas baseadas em números de embaixadas entre os estados. 

O meu artigo busca preencher esta lacuna no conhecimento sobre status em relações internacionais ao usar uma abordagem qualitativa e com foco na intersubjetividade.

Os dados das entrevistas sobre a percepção externa do Brasil também são muito interessantes e servem para ajudar a preencher a lacuna no entendimento sobre o status do Brasil. Eles mostram que por mais que o Brasil tente melhorar seu prestígio há muitas décadas, não há um entendimento muito claro sobre o status internacional do país.

A percepção dos diplomatas britânicos é de que o Brasil é um país que tem muito potencial, mas que não alcança tudo o que pode em relações internacionais, e parte disso é por falta de uma estratégia clara para promover os interesses do país. Essa falta de estratégia está associada a essa ideia de que o Brasil está sempre em cima do muro –on the fence, como diz o título do artigo. O Brasil frequentemente alega neutralidade, e com isso acaba não se alinhando a nenhum lado em disputas internacionais, parecendo aos britânicos não querer se comprometer.. 

A partir dessa percepção britânica, portanto, essa imagem de ambivalência política do Brasil em relações globais pode ser um empecilho na busca por mais status internacional para o país.

É claro que essa avaliação do caráter intersubjetivo de status tem suas próprias limitações, Mas este é um primeiro passo importante para conhecer mais sobre esta percepção externa sobre o lugar e o papel do Brasil no mundo.

A Cara do Brasil – diplomacia do confronto contra o país

No quadro A Cara do Brasil, na rádio CBN, neste domingo (10/05/2020), falo sobre o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de outros ex-ministros das Relações Exteriores e diplomatas sobre a política externa do governo de Jair Bolsonaro.

A diplomacia brasileira é mundialmente reconhecida pela busca do diálogo e do consenso, mas o que vem sendo praticado pela atual gestão é o oposto disso. A chamada ‘política do confronto’ é um rompimento com a história, vai contra a Constituição e foi alvo de críticas em artigo assinado por ex-chanceleres de todas as ideologias e pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.